Correu a cortina porque a necessidade assim o impunha. Os raios de sol incomadavam a iris. Preferiu correr a cortina com os olhos semicerrados, podia tropecar em algo e eventualmente ficar magoado e isso não podia acontecer. Hoje iria ser um bom menino da catequese, daqueles meninos penteados com água, aquela água fria que amachuca os capilares arrebitos matutinos. Iria ser um bom menino mas com um penteado moderno, um penteado digno de capa de revista fashion.
Enquanto se ordenava em suas actividades higiénicas, a iris resmungou qualquer coisa acerca da claridade que tanto a incomodava. Obedeceu e fechou novamente os olhos. Tanta luminosidade magoava iris de uma maneira desmesuradamente cruel, sentia dor por não conseguir abrir os olhos, não o podia evitar de maneira alguma, talvez fosse preferÃÂvel assim, não abrir os olhos e deixar a iris descansar aguentando a dor por os não poder abrir ou pelo contrario, os abrir e deixar que a dor se acomode ferindo a iris assim de maneira propositada. Sentia-se confuso logo pela manha. Correu novamente a cortina de olhos fechados. já não sabia se tinha a cortina aberta, ou se os olhos fechados, ou a cortina fechada e os olhos abertos, já não conseguia ver nada e tinha medo por ver que nada via. Era um medo ternurento, dócil, agradável de se experimentar, diria mesmo reconfortante.
Acabou de se pentear, despediu-se de iris com um beijo frondoso na testa e inocentemente, com as mãos nos bolsos e os ombros encolhidos, percorreu o corredor que o conduziria àporta. Tacteou, abriu a porta, inspirou profundamente e infantilmente bateu a porta, com estrondo.
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