RSS

Na Foz á sombra das palmeiras

Acalma-me olhá-lo. Esteja sereno, quase parado, mesmo imóvel, ou revoltado, revolto, irado. Respeito-o. A imensidão intimida-me, a aparente falta de limites atrai-me. Ouvi-lo devolve-me a mim próprio. Senti-lo, cheirando-o, assegura-me que é real. A sua cumplicidade com a areia é estonteante. O à vontade com o vento, arrepiante. A compatibilidade com o sol, enebriante.

A ti recorri um sem número de vezes. Por necessidade de espairecer, de considerar, de re-pensar, de não pensar. Em ti procurei a segurança da mudança estável, da imutabilidade inconstante, da repetição inovadora.

Embora longe, continuo a ver-te todos os dias... Em pensamento e desejo continuas a brindar-me com a tua beleza.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Fernando Pessoa)