terça-feira, 14 de junho de 2005

Antero de Quental

Num sonho todo feito de incerteza
De nocturna e indizível ansiedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade....
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer..., uma aventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!

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