sexta-feira, 17 de junho de 2005

Em todos os jardins

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Este é o poema que tive de analisar hoje, no exame de Português B. Toda a gente previa que saísse Sophia por ter morrido no ano passado. Por incrível que pareça, ontem a navegar na net à procura de Sophia, encontrei este poema e, como o associei a um desejo de união com a natureza depois da morte, comentei comigo mesma "bem apropriado para sair!"... E saiu mesmo... Mera curiosidade. Não é por isso que o postei. É porque acho lindíssimo e tem uma mensagem muito intensa, que todos deviamos pelo menos tentar perceber!

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