segunda-feira, 12 de novembro de 2007

TERNURA


Desvio os teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do sol não vem mais nada.

Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que a tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te lentamente
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa como nós
a despimos assim que estamos sós!


David Mourão Ferreira

1 comentário: