OS AMANTES SEM DINHEIRO
por
Anónimo
em sexta-feira, 25 de novembro de 2005
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo como irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
mas cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrando penetravam no espaço.
Eugénio de Andrade
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