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Em banda larga


A ministra da Educação chamou-lhe "revolução silenciosa".

"Está a fazer-se uma revolução silenciosa nas escolas portuguesas", disse ela na Escola Secundária Francisco de Holanda, em Guimarães, onde lhe calhou fazer a distribuição de computadores do início do ano lectivo.

Tudo o que é ministro, secretário de Estado e assessor cancelou nesse dia a agenda, deixou os conspícuos afazeres governamentais e andou a distribuir computadores pelas escolas do país no meio de dezenas de câmaras de TV, máquinas fotográficas e jornalistas de esferográfica em punho. Foi a mais barulhenta "revolução silenciosa" de que há memória no início de um ano lectivo.

Silenciosos, silenciosos, foram, porém, os números, dias depois, divulgados pela OCDE : Portugal é dos países (o 23º em 34) que menos investem em educação, pouco mais de 5000 euros/ano por aluno, para uma média de 6115 euros entre os países da OCDE (os EUA e a Suíça, por exemplo, gastam mais de 10 000).

Portugal figura no topo apenas no "ranking" do menor número de alunos que terminam o Secundário (só 26% portugueses acabam o 12º ano, contra 68% nos países da OCDE).

Mas as revoluções, sobretudo as silenciosas, não se fazem de um dia para o outro.
Continuaremos na cauda da Europa, mas há-de ser em banda larga.

( Manuel António Pina, in JN 2007.09.19 )