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"Partido" Missão Minho - Camilo Castelo Branco vs. Manuel Monteiro




O post que segue não versa directamente sobre política mas, outrossim, sobre uma análise de como tudo na política se repete... mais cedo ou mais tarde.

Li hoje na blogosfera que Manuel Monteiro se prepara para ser o candidato do "partido" Missão Minho às legislativas de 2009. Até aqui nada de estranhar.

Como primeira proposta arrojada, Manuel Monteiro propôs ao "tal" Sócrates, e cito, «isolar Braga do resto do país»!!!

Mais acode ao "tal" Sócrates que crie em Braga - e cito novamente - «uma zona franca interdita aos bancos, às instituições financeiras, aos especuladores, aos que lavam dinheiro. Proponho uma zona franca para os empresários, seja qual for o seu sector de actividade, cuja vontade esteja associada ao desenvolvimento da região.».

Manuel Monteiro que em tempos desceu à "capital", refugiado agora pelo Alto Minho fez-me recordar um famoso personagem Camiliano, de seu nome Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda... sem mais!!!

Deixo-vos um trecho de um dos mais notáveis livros da literatura portuguesa, escrito em 1845 (!!!) e, ao que me parece, descreve, maravilhosamente, o actual e "modernaço" Manuel Monteiro. Cá vai:


«Em suma, Calisto era legitimista quieto, calado, e incapaz de empecer a roda do progresso, contanto que o progresso não lhe entrasse em casa, nem o quisesse levar consigo.

Prova cabal de sua tolerância foi ele aceitar em 1840 a presidência municipal de Miranda. Na primeira sessão camarária falou de feitio e jeito que os ouvintes cuidavam estar escutando um alcaide do século XV levantando do seu jazigo da catedral. Queria ele que se restaurassem as leis do foral dado a Miranda pelo monarca fundador. Este requerimento gelou de espanto os vereadores; destes, os que puderam degelar-se, riram na cara do seu presidente, e emendaram a galhofa dizendo que a humanidade havia já caminhado sete séculos depois que Miranda tivera foral.

– Pois se caminhou – replicou o presidente – não caminhou direita. Os homens são sempre os mesmos e quejandos; as leis devem ser sempre as mesmas.

– Mas… – retorquiu a oposição ilustrada – o regímen municipal expirou em 1211, senhor presidente! V.ª Ex.ª não ignora que há hoje um código de leis comuns de todo território português, e que desde Afonso II se estatuíram leis gerais. V.ª Ex.ª decerto leu isto…

– Li – atalhou Calisto de Barbuda – mas reprovo!

– Pois seria útil e racional que V.ª Ex.ª aprovasse.

– Útil a quem? – perguntou o presidente.

– Ao município – responderam.

– Aprovem os senhores vereadores, e façam obra por essas leis, que eu despeço-me disto. Tenho o governo de minha casa, onde sou rei e governo, segundo os forais da antiga honra portuguesa.

Disse; saiu; e nunca mais voltou à Câmara.»


Actual, não?

P.S.: Quem acha que o "Manel" vai acabar como o Calisto a governar lá a casa? Assim deixe a mulher!

1 koices:

Tito disse...

Portugal deveria ser uma zona franca de Espanha, mas já não dá, porque portugal dos pequeninos é maior, do que a inteligência que Deus nosso senhor me deu...por isso também vou para casa, pro meu cantinho com a televisão desligada e a dizer bem alto "Cosei-vos"

Tito disse...

Portugal deveria ser uma zona franca de Espanha, mas já não dá, porque portugal dos pequeninos é maior, do que a inteligência que Deus nosso senhor me deu...por isso também vou para casa, pro meu cantinho com a televisão desligada e a dizer bem alto "Cosei-vos"