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A origem do S. Martinho...saber não ocupa lugar

Neste dia, em todo o país, assam-se castanhas, bebe-se vinho novo e água-pé e, em alguns pontos do país, ainda há quem reúna familiares e amigos à volta de uma fogueira ao ar livre...

Reza a lenda que, "num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado romano, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nú, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante... S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, e cortou ao meio a sua capa de militar com a espada, dando metade ao mendigo. E, apesar de mal agasalhado e sob chuva intensa, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade. Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de verão inundou a terra de luz e calor. Diz-se que Deus, para que os homens não esquecessem o gesto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso." É esse o chamado Verão de São Martinho! São alguns dias mais quentes com muito sol bem no meio do outono. E, não é por nada não, mas hoje está um dia ma-ra-vi-lho-so lá fora...

O costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os-Santos, é simultaneamente uma comemoração da chegada do outono e um ritual de origem religiosa: o dia do Santo Bispo de Tours (São Martinho) está historicamente associado à abertura e prova do vinho que foi feito em setembro. O água-pé é o resultado da água lançada sobre o bagaço da uva, donde se retirava o pouco de mosto que aí se mantinha. Esta bebida pode ser consumida em plena fermentação ou, depois disso, adicionando-lhe álcool. Assim, diz o ditado popular "no dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho". No fundo, com o São Martinho e o Magusto comemora-se a proximidade da época natalícia, e mais uma vez, a sabedoria popular é esclarecedora: "dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal!"

A jeropiga e a água-pé, são as bebidas que tradicionalmente acompanham as castanhas nesta época de S. Martinho, e correm o risco de, a médio prazo, desaparecerem por completo. São iguarias de fabrico caseiro, das regiões do Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior e Ribatejo, cuja produção tem diminuído à medida em que os campos vão sendo abandonados e as explorações vinícolas de características empresariais vão ganhando terreno. Mas o maior problema é criado pela lei que, pura e simplesmente, proíbe o fabrico e a comercialização destas bebidas, tão procuradas e apreciadas. Hoje em dia já é muito difícil encontrar jeropiga ou água-pé à venda. A água-pé possui pouco álcool, porque é praticamente metade de água e metade de vinho, “mata a sede e não embebeda�, dizem. A jeropiga é diferente. É uma bebida de elevado teor alcoólico, já que se trata de mosto abafado com uma quarta parte de aguardente.