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António Luís anda por aí

O jornal "República" publicou em 1974, sob o título de "O sórdido dossier da PIDE-DGS / Estudante bufo denuncia os colegas ao seu chefe espiritual Elmano Alves" , uma carta de 8 de Setembro de 1968 encontrada nos arquivos da PIDE em que um tal António Luís denunciava ao então subsecretário de Estado da Juventude e Desportos colegas seus da Universidade do Porto considerados " associativos" e/ou "perigosos", bem como organismos como a UNICEPE, o Coral de Letras e a JUC.

Entre esses "perigosos" estudantes estão pessoas que são hoje médicos de prestígio, conhecidos profissionais liberais e até, ó ironia!, um importante político do PS.

Guardo o recorte porque minha mulher era uma das estudantes da Faculdade de Letras denunciadas pelo informador.

Já havia esquecido essa torpe memória do "antigamente", mas senti uma melancólica vontade de voltar a lê-la ao saber da carta que um tal António Basílio dirigiu à directora da DREN, Margarida Moreira, denunciando um colega e amigo.

O endereço é agora diferente, o remetente também, mas a carta, 40 anos depois, é exactamente a mesma.

Porque, fascista ou "democrático", um bufo é sempre um bufo e a denúncia, uma suja doença de carácter.

Os regimes políticos mudam, mas Luíses, Basílios, Margaridas e Elmanos, não.

( " Por outras palavras", Manuel António Pina, in JN 2007.06.18 )