No desenrolar da minha memória, encontro um cofre desvendado, que a cada dia se renova com o que de mais imprevisível e surpreendente possa existir. Acontece que, por vezes, no silêncio do meu refúgio, sinto uma vontade incontrolável de redescobrir uma experiência, perdida no encanto de exíguas surpresas, não menos deslumbrantes.
Hoje, resolvi abrir o cofre. Depressa voaram inúmeras palavras na minha direcção, acompanhadas por um sem número de ilustrações desmedidas. No encontro momentâneo com o meu desejo de descoberta, estiquei o braço para poder chegar àquelas que menos distanciassem do meu alcance. Não fosse a curiosidade que a cada segundo emergia gradualmente, e não teria feito cair alguns dos apontamentos que dessa vez se desenrolaram. Cada retalho de texto e imagem resguardava em si uma completa história, que a pouco e pouco se formava pela assimilação de todos estes conceitos. E eu, nada mais fazia senão acompanhar este processo, e esperar desejadamente pelo surgir desse quase novo conto.
Cuidadosamente, os meus olhos perseguiam letra a letra, como de um aviso urgente se tratasse. Até que, no limiar da minha imaginação, surgia repentinamente, algo que tudo tinha de familiar como especial para mim. Nem foi sequer preciso agregar as peças do meu “puzzle”, a minha mente já associara e, como do nada, começara a descrever essa ocasião. Recordo-me tão maravilhosamente de quando te aproximaste sorrateiramente, e num balbucio proferiste: “É para ti.” Ainda que um pouco reticente, o interesse conseguia vencer. Era uma prenda que tudo tinha para ser de criança, ainda assim, ao mesmo tempo que a explorava, via algo de distinto disso, como também me sentia envolvida por toda a fantasia característica dos mais novos.
Abracei-te, ao invés de me desdobrar em agradecimentos, resolvi fazê-lo apenas por gestos – simples, mas repletos com um misto de sentimentos extraordinariamente fortes. Sem prever, senti o conforto que mais precisava ao ver-me ao teu lado. De sorriso claramente exposto no rosto, procurei o lugar mais calmo para analisar o meu “brinquedo”. Percebi assim que mais importante que o valor físico do objecto, é de facto, todos os valores que lhe estão associados:
Amor. Segurança. Atenção. Respeito. Modo de viver saudável. Ternura. Doçura. Emoção. Afectos. Segurança. Estabilidade. Autoconfiança.
E desde então, este pequeno brinquedo é a minha companhia constante. Dele nunca me desfarei, pois soube mostrar-me que a aparência física é apenas aquilo que apresentamos e parecemos ser aos olhos dos outros. Tudo o resto encerra uma dimensão marcadamente valorativa, mostrando-se assim no mais importante de todos os aspectos que fazem de nós um ser humano
Butterfly
2 koices:
Gostei deste texto. Ele revela uma pessoa pura que alguns poderão dizer de naif, mas gostei, é como se fosse um lençol muito branco de vida. Vou esperar por mais post.
Butterfly, gostei muito do texto. Continua. Fico à espera de mais post's.
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