Afundas-te às vezes, caís
no teu fosso de silêncio,
em teu abismo de cólera orgulhosa
e só a custo consegues
regressar, mas ainda com vestígios
do que achas-te
nas profundezas da tua existência.
Meu amor, o que encontras
no teu poço fechado?
Algas, lama, rochas?
Que vês de olhos cegos
rancorosa e ferida?
Vida minha no poço
onde caís não acharás
o que no alto guardo para ti:
um ramo de jasmins orvalhados,
um beijo mais profundo que o teu abismo
Pablo Neruda
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