RSS

ATE QUE A VIDA NOS SEPARE...

Toucou o telefone. Duas vezes, não mais. Atendi e nem reconheci a tua voz. Obriguei-te a explicar quem eras. Quando percebi que eras tu, vieram-me à memória aqueles 10 anos que passámos juntos. Momentos bons e maus, emoções e esperanças partilhadas, até ao dia em que decidiste partir. E agora, quase 15 anos depois, estavas ali, sem eu sequer saber como tinhas o meu número.

Tinhas saudades, disseste. Nostalgia do tempo que passámos e vontade de me ver, saber como estava, como tinha envelhecido... Respondi que não. Não tinha nem saudades e nem vontade de te ver. Não percebeste que o tempo não pode voltar atrás. Que o que nos unia na altura, é agora parte do que nos separa. Que a distância me trouxe um sopro de liberdade, que nem sabia precisar. Se estou magoado? Não, de todo. Estou feliz. Feliz por não se poder repetir o passado e, de um modo geral, feliz. Assim mesmo.

E olha, o respeito que ainda te tinha, foi-se agora embora. Acaso pensavas, que ainda estaria a recolher do chão os pedaços em que me quebrei quando partiste?