Pelo amor que meu pai me deu,
Nada dei.
Em criança, eu não soube avaliar o presente.
Homem feito, fiz-me duro como um homem.
Meu filho vai-se tornando adulto, amado com desvelo
Como nenhum outro, sempre no coração do pai.
Dou o que outrora recebi àquele
De quem eu não descendo e nada recebo em troca.
Quando ele se tornar homem e pensar como homem,
Seguirá, como eu, o seu próprio caminho.
Vê-lo-ei, sem nenhuma inveja,
Transmitir ao filho o amor que lhe entreguei.
Meu olhar segue o jogo da vida
Até às profundezas do tempo:
Cada qual arremessa, sorridente, a bola de ouro
E ninguém a devolve às mãos daquele
De quem ela partiu.
De Borries von Munchhausen, citado por Bert Helinger em Simetria do Amor.
Para todos os pais, neste dia de sol.
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