Não digas ao que vens. Deixa-me adivinhar pelo pó nos teus cabelos que vento te mandou. É longe a tua casa? Dou-te a minha: leio nos teus olhos o cansaço do dia que te venceu; e, no teu rosto, as sombras contam-me o resto da viagem. Anda, vem repousar os martírios da estrada nas curvas do meu corpo - é um destino sem dor e sem memória. Tens sede? Sobra da tarde apenas uma fatia de laranja - morde-a na minha boca sem pedires. Não, não me digas quem és nem ao que vens. Decido eu.
Maria do Rosário Pedreira
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