Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que quando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atraessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se tranfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um abraço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Mário Cesariny (1923-2006)
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