Abro a caixa do inverno. Tiro os ventos
as rajadas de chuva, os bancos de neve de onde
fugiram todos os pássaros. Desenrolo à minha
frente os pântanos do Inverno. Ando à volta
deles para desentorpecer as pernas; sacudo
o frio das mãos; limpo a chuva que se me colou
aos cabelos. Depois, volto a lançar os dados
-e avanço até à primavera.
Nuno Júdice, Cartografia de Emoções
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