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Resposta a Irene Infante



Com o corpo da alma
e fios vermelhos
que se entrelaçam na voz da guitarra
a morte canto.
Mais forte. Mais morta do que ela.
Sim. Sei fielmente da morte
na eternidade do adeus:
a angústia de mil mortes
no prazer e na dor que o coração permite
sou eu. Naturalmente.

A morte . . . A morte . . .
Escutar no abismo do tempo
seus passos invisíveis,
suas asas silenciosas.
Rir no seu sorriso erótico
de foice disfarçada.
Abraçar no seu olhar rotativo
esse movimento que já perdido se perde
numa
ausência presente

é ser eu mesma uma força no infinito:
e explosão de um sol
que em estrelas se desfaz.
Eu estou lá.
De cá para lá no regresso de vir
implacável entre dois gestos:
ser ou não ser
que
é afinal
eternamente ser.
Abril/90
Alda Carneiro