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O melro é fixe

O melro voltou, após um dia de amuo, pensei eu. Talvez tenha sido rude com ele. Por vezes ignoro de que a força das minhas palavras podem ser duras demais para quem tem na fragilidade a sua força. Chegou saltitante e pôs-se mesmo defronte de mim.
Olá, bom dia, acenando com a cabeça, cumprimentou-me. Um pensamento instalou-se-me de imediato. O melro vai apresentar-me à sua família. Foi um pressentimento. Perguntei-lhe: Ouve lá, quando é que me apresentas a tua família?
O melro soltou uma gargalhada e eu meio incrédulo sem perceber os motivos das suas risadas, fiquei apatetado, mas como acho que tinha sido demasiado rude com ele na véspera optei por tentar empatizar e esbocei um sorriso largo e compreensivo, mas o melro interpelou-me perguntando: Porque tens tanta pressa em que te apresente a minha família? Já pensaste em me apresentar à tua?
Na realidade o melro acordou-me para a razão. Estamos sempre a colocarmo-nos na 1ª posição. Eu, eu e eu até que um eu mais forte do que nós, nos deixe deslocados e nos faça sentir desconfortáveis.
Este melro é fixe, conseguiu pôr-me a olhar vezes sem fim para lá da janela que nos separa.