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Uma história simples ...

Chamo-me Benny.
Há uns meses, era eu ainda um cachorrito que não sabia nada da vida, fui viver para o Bairro da Pasteleira.

Segundo me explicaram eu ia ter que me safar sozinho porque a minha mãe não podia tratar mais de mim, os humanos "donos dela" não queriam mais cães lá em casa.
A vida lá no bairro nunca foi fácil, mas eu não sou cão de me render às contrariedades.


Uma vez, poucos dias depois de chegar ao bairro, uma senhora viu-me a tentar abrir um saco do lixo (juro que senti um delicioso cheirinho a osso de costeleta a vir lá de dentro, hum... que bem que ia cair no meu estômago vazio!!), teve pena de mim e atirou-me um bocado de pão que eu engoli, agradecido.
A partir daí fui aprendendo a procurar comida nos sacos de lixo e a partilhar dos pedacinhos de pão que uma velhinha simpática deita num cantinho todos os dias para as pombas.

Mas ainda não consigo perceber bem o ser humano.

Aproximo-me sempre da mesma forma, a abanar a cauda e de cabeça baixa, na esperança de receber uma festa ou uma goluseima, mas enquanto alguns sorriem e me dizem palavras carinhosas, outros respondem com pontapés, atiram-me pedras que me magoam e chamam-me "vadio"....

A melhor coisa do bairro em que vivo é o Parque da Pasteleira !! É lá que eu passo a maior parte do dia. É um jardim enorme, cheio de árvores, e onde vão muitos amiguinhos meus passear com os seus "donos".

São cães lindos, com pêlo brilhante, e com ar de quem consegue um bom osso de costeleta todos os dias!! A minha maior alegria é brincar com eles, dar corridas, atirar-me com eles para o lago, e deitar-me depois ao lado deles, cansado das brincadeiras.

Eles não me descriminam por eu viver na rua e não ter coleiras bonitas e humanos que cuidem de mim.
A pior parte é quando os humanos lhes põem as trelas e os levam para casa e eu fico sozinho e me preparo para passar a noite enrolado no cantinho mais abrigado do Parque, debaixo de um arbusto. Quando está frio lembro-me muitas vezes do quentinho da minha mãe e dos bons tempos em que dormia no meio do pêlo fôfo dela...

Quem me dera um dia ter a minha própria família, alguns amigos para brincar e humanos que me fizessem carinhos e me dessem uma cama quentinha para dormir...

Não custa sonhar não é?

Os meus melhores amigos são a Cuca, a Kali e o Doc. As meninas que cuidam deles também são boazinhas, fazem-me festas e até me tiraram fotografias na última sessão de brincadeiras que tivemos. Na hora da despedida vejo nos olhos delas a mesma tristeza que fica nos meus...
Desta vez disseram "Até à próxima Benny, pode ser que da próxima vez que nos vejamos seja para te levar para uma família..."

Fiquei a pensar nestas palavras até agora... E é a pensar nelas que vou adormecer...



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Recebi por mail. Achei por bem publicar não só porque o bicho é uma simpatia, mas também porque entendo que quem não gosta de bichos não pode gostar de gente. Como deve haver muita gente boa que passa por aqui, pode ser que alguém fique cativado ... e possa dar um lar ao Benny.

1 koices:

Tito disse...

Gostei imenso da tua história apesar de não concordar com o conceito que expressaste "quem não gosta de bichos não pode gostar de gente".
Apesar de não conseguir empatizar com animais tudo farei para que o Benny encontre um "lar".

Tito disse...

Gostei imenso da tua história apesar de não concordar com o conceito que expressaste "quem não gosta de bichos não pode gostar de gente".
Apesar de não conseguir empatizar com animais tudo farei para que o Benny encontre um "lar".