Rui Rio terá muitos defeitos, mas não o da incoerência, e admiro-o por isso. Excepto quando a coerência se confunde com obstinação cega e dificuldade em ver as razões (também) dos outros.
Rui Rio votou em 1998 a lei de despenalização do aborto e defendeu-a publicamente.
A crédito da coerência, parecerá, pois, normal que vote agora de novo "sim".
Também eu, que não defendo o aborto (e quem o defende, a não ser as patéticas militantes do "na minha barriga mando eu", "slogan" que um filósofo da ética como Peter Singer classifica de "lógica do negreiro"?), votarei "sim", pois o que está em causa é continuar ou não, em certas condições, a meter na cadeia as mulheres que interrompem a gravidez.
Esta é uma questão de ética da responsabilidade e não uma questão metafísica ou religiosa, ou sequer científica, e a pior resposta que pode ter é a jurídico-penal.
... pois a última coisa que quero é que o meu voto no referendo (e "no meu voto mando eu" ) vá parar a um partido.
( Manuel António Pina, in JN 2007.01.08 )
0 koices:
Enviar um comentário