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Doutores e Engenheiros

Um inquérito alargado de Rui Bebiano e Elísio Estanque cujos resultados foram já parcialmente divulgados na Net (www.aterceiranoite.wordpress.com) dá uma pista acerca dos problemas de iliteracia do Ministério da Justiça que levaram à concessão de indulto a um foragido.



O ministério, recorde-se, justificou a trapalhada com a existência no processo de dados que não eram de "leitura evidente".



O referido inquérito, que envolveu uma amostra de 2851 alunos da Universidade de Coimbra, apurou que


18,3% deles nunca lêem livros; destes, 10,9% são (adivinhe-se) de Direito. Em Artes e Letras, 7,3% também nunca lê, e o mesmo 13% dos alunos de Ciências Sociais; os de Desporto e Engenharia são mais radicais, ou se calhar mais sinceros - respectivamente 48% e 40% deles afirmam jamais pegar, beughh ! , em tão estranho objecto, um livro.


Suponho que a situação nas outras universidades seja semelhante e que percentagens assustadoras dos doutores que formam (e que depois, pela via rápida das juventudes partidárias, chegam aos ministérios) também não queiram nada com livros.



Daí que, face a uma leitura "não evidente", como uma frase com sujeito, predicado e complemento directo ou algo diferente de um SMS com "emoticons", entupam, coitados.



Ou melhor, coitados de nós.


( Manuel António Pina , in JN 2007.02.22)
...


Mais uma vez, eis-nos confrontados com a incómoda questão :



que fizeram ou deixaram de fazer os vencedores de Abril, para aqui termos chegado ?



E uma vez aqui aportados, como inflectir o rumo nocivo que aqui nos trouxe ?


( comentário de António Viriato, in "Boa Sociedade", sobre o mesmo inquérito no meio estudantil )