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PÍLULAS DE CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA



Maria Eduarda de Matos Melgueira
Farmacêutica estagiária
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto







Apesar da disponibilidade de métodos de contracepção altamente eficazes, muitas gravidezes não são planeadas e são indesejadas. Estas gravidezes apresentam um risco mais elevado de morbilidade e mortalidade, frequentemente devido a aborto sem condições de segurança. Muitas destas gravidezes não planeadas podem ser evitadas utilizando contracepção de emergência.
As pílulas de contracepção de emergência (PCEs), vulgarmente referidas como “pílula do dia seguinte”, são métodos hormonais de contracepção que podem ser utilizados para prevenir a gravidez após o acto de relação sexual desprotegido ou inadequadamente protegido.

O seu uso está indicado:

* quando não tiver sido utilizado nenhum contraceptivo
* quando existe uma falha contraceptiva ou um uso incorrecto, por exemplo ruptura do preservativo, duas ou mais pílulas contraceptivas orais esquecidas consecutivamente, coito interrompido falhado
* em casos de violação quando a mulher não estava protegida por um método contraceptivo eficaz.
Não está indicado o uso de PCEs em mulheres com gravidez confirmada pois não terão qualquer efeito abortivo.

Há dois regimes terapêuticos de PCEs:

* Regime apenas com Levonorgestrel (medicamento não sujeito a receita médica): 1,50 mg de levonorgestrel em dose única ou em duas doses de 0,75mg tomadas com intervalo de 12 horas
* Regime combinado de estrogénio-progestina (medicamento sujeito a receita médica): duas doses de 100 µg de etinilestradiol mais 0,50 mg de levonorgestrel tomadas com intervalo de 12 horas.
O tratamento com qualquer um dos regimes deve ser iniciado o mais cedo possível após a relação sexual, visto que a eficácia diminui a cada dia ou mesmo a cada hora de atraso, até um período máximo de 72 horas após a relação sexual.

Informações adicionais ao utente:

- Após tomar as PCEs, se o período menstrual seguinte não surgir em uma semana após o esperado, a mulher deve considerar a possibilidade de estar grávida e procurar avaliação e assistência.

- Se surgir uma hemorragia irregular e dor abdominal inferior, deve contactar um profissional de saúde para despiste de uma possível gravidez ectópica.

- As PCEs não devem ser usadas com método de contracepção regular, só deve ser utilizado como medida de emergência.

- A administração repetida durante o mesmo ciclo menstrual não é aconselhável, pelo facto de contribuir para uma sobrecarga hormonal indesejável, com possíveis perturbações graves no ciclo menstrual.

- As PCEs não proporcionam protecção contra HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis.

- Alguns medicamentos reduzem a eficácia das PCEs: agentes anticonvulsionantes (fenobarbital, fenítona, primidona, carbamezepina), pelo que não é recomendado o uso de PCEs por mulheres epilépticas; antibióticos (rifabutina, rifampicina, ritonavir e griseofulvina) e também Hypericum perforatum (hipericão).
Abortiva ou não?
Existem receios por parte da população de que a pílula do dia seguinte actue por métodos abortivos. Há que esclarecer que o facto de ser eficaz após a relação sexual não implica que actue após a fertilização. Se considerarmos que o início da vida ocorre na fertilização, um método abortivo será aquele que impede o desenvolvimento do ovo. Mas a relação sexual e a fertilização podem estar separados no tempo: a fertilização pode ocorrer vários dias depois da relação sexual: os espermatozóides podem sobreviver 7 dias dentro do corpo da mulher; mas geralmente considera-se o período fértil os cinco dias que precedem a ovulação e o dia da ovulação.
Assim as PCEs não afectam o desenvolvimento ou a implantação do embrião, actuam impedindo a ovulação logo não é considerada abortiva.

As PCEs cujo princípio activo é apenas o levonorgestrel são comercializadas em Portugal sem estar sujeita a receita médica. Deveria estar?
Neste medicamento é especialmente importante a disponibilidade, uma vez que tem tempo útil para ser tomado e que este intervalo de tempo condiciona fortemente a sua eficácia, e assim torna-se mais rápida e fácil a sua aquisição. Este é um grande ponto a favor da dispensa de contracepção de emergência sem receita médica. Outro ponto é avaliação dos riscos a que os utentes estão expostos quando recebem este medicamento. Será que é suficientemente seguro para ser administrado sem vigilância médica? Tendo em conta o perfil de segurança do levonorgestrel, que se assemelha ao das demais medicamentos anticoncepcionais não parece haver inconvenientes em ser comercializadas sem receita médica PCEs do regime terapêutico do levonorgestrel isolado.




Nota: Conforme prometido, aqui fica o artigo que a nossa "Eduardinha" publicou num jornal de V.Cambra e cujo conteúdo fazia parte de um trabalho apresentado mais elaborado apresentado na Faculdade.
Mais uma vez, Parabéns!
Ficamos à espera de mais artigos.

1 koices:

Tito disse...

Parabens. srª Drª Eduarda. Queremos mais a sua presença, neste blog que tb é teu. Beijinho Bom

Tito disse...

Parabens. srª Drª Eduarda. Queremos mais a sua presença, neste blog que tb é teu. Beijinho Bom